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Ocorreu na manhã de hoje, 22, na sede da CNBB, em Brasília (DF) a abertura oficial da Semana Ludato Si’. Igreja, sociedade civil e instituições de governo participaram da abertura.  O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers acolheu e agradeceu a presença de todas as pessoas e proferiu sua fala, à luz do Cântico do Irmão Sol, composição de São Francisco de Assis, que inspira a Encíclica Laudato Sí’, do papa Francisco. “Queridos irmãos, filhos e filhas cuidadores zelosos da nossa casa comum, louvados sejas, meu Senhor. A Semana Laudado Sí’ nos une, nos congrega nos convoca, com o tema desafiador: Esperança para a Terra, esperança para a humanidade. Louvado sejas meu Senhor porque ninguém pode nos roubar a esperança. E é esta mesma esperança que nos move hoje, esta mesma esperança que nos leva a agirmos incansavelmente no cuidado da Terra e garantir o futuro da humanidade”, ressaltou dom Ricardo que prosseguiu a questionar sobre o que está sendo garantido às gerações futuras no que tange ao cuidado da casa comum, porém, segundo o bispo há muitas pessoas empenhadas a “cuidar da Terra e salvaguardar a humanidade”.

Dom Ricardo concluiu sua fala com o trecho da Laudato Si’, nº 245, onde papa diz: “Deus, que nos chama a uma generosa entrega e a oferecer-Lhe tudo, também nos dá as forças e a luz de que necessitamos para prosseguir. No coração deste mundo, permanece presente o Senhor da vida que tanto nos ama. Não nos abandona, não nos deixa sozinhos, porque se uniu definitivamente à nossa terra e o seu amor sempre nos leva a encontrar novos caminhos. Que Ele seja louvado!”.

Já o cacique Dadá Borari, do povo Indígena Maró, no Estado do Pará, e um dos quatro protagonistas do filme A Carta, que é inspirado na Encíclica Laudato Si’, e que terá exibições no decorrer desta semana, em diversos lugares do Brasil, disse que o cuidado com a terra é “luta coletiva. É uma luta para o bem-estar de todos. Se nós se fechamos em determinados grupos, de determinadas aceitações, nós não estamos lutando pelo coletivo”, enfatizou

Dadá destacou a importância da figura do papa Francisco na luta pelo cuidado do Planeta Terra. “Aqui eu quero trazer a coletividade e dizer que o papa Francisco, eu honro muito aquele senhor, porque ele é um líder para mim, muito inspirador”. A liderança indígena recordou o convite recebido para participar do filme A Carta. “Quando eu recebi a carta, convidando para participar do filme A Carta, eu não pensei duas vezes, e falei: ‘opa, agora a nossa luta indígena vai ser reconhecida a nível internacional”, expressou com alegria.

“Para nós povos originários, indígenas e comunidades tradicionais nós entendemos que a nossa casa comum é a nossa floresta, criada pelo nosso grande superior Tupã Wuaçú, o nosso Deus,  para que todos pudessem preservar”, mas em tom de lamento, Dadá reforçou que poucos preservam e que tem um grande número que a “trata ela como mercado, para o capital. E isso, o nosso coração enquanto indígena, que defende a floresta, ele chora. A nossa Mãe-terra, ela tá gritando de clamor, ela pedindo para todos: ‘me socorre, me protege, não aguento mais, é muita perseguição’. A Amazônia precisa ser cuidada”, convocou Dadá.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima Marina Silva, agradeceu a oportunidade de participar da abertura da semana e lembrou a convocação do papa Francisco para cuidar da Terra “como um presente recebido pelo Criador e não agir com ingratidão ao presente recebido, destruindo-o. É muita contradição, dizer que ama o Criador e desrespeitar a sua criação. Dizer que ama o Criador de destrói a criação. Dizer que ama o Criador e estar mais preocupado em ganhar dinheiro com a criação, do que cuidar desse jardim que Ele nos colocou para cultivar a guardar”. Marina   ressaltou a urgência da justiça climática, do combate ao racismo ambiental “porque é sobre as pessoas mais vulneráveis que recaem as piores consequências da mudança do clima”, lembrou a ministra.

As demais autoridades que compuseram a mesa, seguiram suas reflexões na mesma linha, sobre a preocupação com a casa comum e a convocação para o cuidado dela. Estavam à mesa o secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers; o secretário da Comissão de Ecologia Integral e Mineração da CNBB, dom Vicente Ferreira; o núncio apostólico para o Brasil, arcebispo dom Giambattista Diquattro; a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; o cacique e professor Odair José Borari, mais conhecido como Dadá; o gerente para Ibero-América do Movimento Laudato Si’, Igor Bastos; a secretária executiva da Repam-Brasil, irmã Maria Irene; o diretor do Departamento de Línguas e Memória do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Eliel Benites; o facilitador nacional da Iniciativa Interreligiosa pelas Florestas Tropicais, Carlos Vicente; o representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente no Brasil, Gustavo Mañez e a da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Isadora Brandão Araújo da Silva.

O lançamento pode ser acompanhado neste link:https://www.youtube.com/watch?v=G1kpeaPlD8E

No Brasil, Campanha Laudato Si’, é uma mobilização da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e do Movimento Laudato Si’ (MLS) e tem parceria com diversas organizações. O objetivo é difundir a Carta Encíclica Laudato Si’, por meio de de uma jornada de atividades. A programação poderá ser acessada aqui https://laudatosi.my.canva.site/